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Transtorno bipolar

Transtorno bipolar

Transtorno bipolar

O transtorno bipolar, tradicionalmente conhecido como doença Maníaco-Depressiva, é caracterizada por oscilação de momentos de felicidade e depressão repentinos. E isto ocorre por que há a perda da capacidade do sistema nervoso de regular adequadamente o humor.

Atinge jovens entre 15 e 25 anos, mas também é possível diagnosticá-la em crianças e pessoas mais velhas. Apesar de não ter cura, é possível controlá-la por meio de remédios, da psicoterapia e de um estilo de vida mais saudável, o que abrange melhores hábitos alimentares, não ingestão de substâncias psicoativas, como a cafeína e o álcool, e redução do estresse.

As chamadas "oscilações de humor" significam alternâncias entre a mania (estado eufórico) e o estado depressivo. Os episódios de alteração de humor podem ocorrer em espaços de tempo variados, raramente ou várias vezes ao ano.  As crises podem se apresentar de forma grave, moderada ou leve.
As mudanças do humor tem importante repercussão nas emoções, nas sensações, nas ideias e no comportamento da pessoa. Pode causar prejuízo da saúde e da autonomia da personalidade.

É importante salientar que quase ninguém tem um estado de humor linear, totalmente equilibrado. Todos nós podemos apresentar oscilações no estado de humor devido a fatores externos e até a fatores de ordem interna (TPM, por exemplo). E esses movimentos não configuram em um quadro de bipolaridade.  É normal e possível uma pessoa acordar bem e, ao final da tarde, estar de mau humor. Essa oscilação ao longo de um dia não configura o transtorno bipolar.

O conceito de bipolaridade consiste na permanência no estado de euforia ou sintomas depressivos por um período superior a três semanas e de forma constante e progressiva, o que não raro pode levar à uma internação para tratamento.

É característico que o transtorno bipolar comece na adolescência ou início da idade adulta e tema sua continuidade ao longo da vida. Muitas vezes não é reconhecido como uma doença e os pacientes podem sofrer por anos ou décadas sem o diagnóstico.

Existem diferentes tipos de transtorno bipolar e todos eles afetam os níveis de humor, energia e eficiência do indivíduo. Sendo assim, é possível que a pessoa revele estados de humor variados, que podem ser extremamente enérgicos (conhecidos como episódios maníacos) ou muito tristes e sem energia (fase depressiva). As mudanças de humor podem acontecer com mais frequência em algumas pessoas, com oscilações acontecendo de quatro a cinco vezes por ano e, em alguns casos, até mesmo várias vezes ao dia.

Podem ocorrer estados mais suaves, também conhecidos como hipomania. Este estado é uma alteração de humor semelhante à mania, porém com menor intensidade. A pessoa se sente muito bem, com bastante energia. Normalmente a necessidade de sono diminui e a libido aumenta.

O transtorno bipolar não tem cura, mas é possível controlar as mudanças de humor com medicamentos específicos e acompanhamento psicoterapêutico.

A bipolaridade pode apresentar características não tão simples de identificar:

  • Mania: a euforia (ou mania) é uma das fases do Transtorno Bipolar e caracteriza-se por um estado de exaltação do humor, com aumento de energia, sem qualquer relação com o momento que o indivíduo está vivendo. Nesse período do transtorno bipolar, o paciente não está deprimido e nem alegre por um motivo especial, mas apresenta humor eufórico, irritável ou mesmo jocoso ou arrogante. Mania de grandeza também é muito comum. Em geral, a mudança do comportamento na euforia é súbita, mas o indivíduo não percebe a sua alteração ou a atribui a algum fator do momento. O senso crítico e a capacidade de avaliação objetiva das situações ficam prejudicados ou ausentes, com explosões de raiva e fúria.
  • Hipomania: é um estado de mania mais leve e que traz menos prejuízo. Geralmente, acarreta em um funcionamento acelerado, porém produtivo para o paciente. Muitos não identificam que estão em fase hipomaníaca, nivelando esse período como a fase eutímica. Esse ponto é importantíssimo, pois muitos pacientes, quando estão entrando em hipomania (podendo evoluir para a mania ou não) são resistentes quanto a manter o tratamento e muitas vezes param com a medicação, o que se torna um grande problema para estabilizar o transtorno.
  • Depressão: também são consideradas um subtipo de depressão. Existe a depressão bipolar tipo 1, que é intercalada com episódios de mania, e a tipo 2, na qual os episódios fora da depressão tem uma euforia um pouco menos intensa. Os sintomas apresentados na fase de depressão são os mesmos de um episódio depressivo: humor deprimido, falta de energia, falta de iniciativa e vontade, falta de prazer, alteração do sono, alteração do apetite, lentidão do pensamento, lentidão motora. Já nas fases de euforia, o paciente pode apresentar sintomas como: agitação, ocupação com diversas atividades, obsessão com determinados assuntos, aumento de impulsividade, aumento de energia, desatenção e hiperatividade. A pessoa com esse quadro geralmente acha que está bem e saudável.

 

Pessoas com episódios maníacos podem manifestar comportamentos que destoam do habitual, como gastar muito dinheiro, ter mais relações sexuais, ter planos e ideias irreais e perder o contato com a realidade.

  • O que é bipolar tipo 1?

Nesse tipo de transtorno bipolar, o paciente apresenta ciclos definidos, no qual é possível identificar pelo menos um episódio maníaco e períodos de depressão profunda. Durante um episódio maníaco uma pessoa com transtorno bipolar pode manifestar tanto euforia quanto irritabilidade.

Muitas pessoas com transtorno bipolar 1 passam longos períodos sem sintomas entre os episódios da doença. Algumas pessoas podem manifestar sintomas rápidos de mania e depressão. Também é possível que manifestem características mistas, com sintomas maníacos e depressivos ocorrendo simultaneamente ou podem alternar entre um polo e outro no mesmo dia.

Os episódios depressivos são similares à depressão convencional, com baixa energia, sentimento de culpa e tristeza.

  • O que é bipolar tipo 2?

Pessoas com transtorno bipolar tipo 2 não possuem ciclos de oscilação tão definidos quanto os pacientes tipo 1. Nesse tipo de condição as mudanças de humor são mais sutis. Além disso, é importante dizer que nesse ciclo o paciente não atinge a mania completa e manifesta com mais frequência episódios de depressão.

Durante um episódio de oscilação a pessoa com transtorno bipolar tipo 2 pode achar que está melhorando da depressão, por estar mais sociável e com disposição. Todavia, esse aumento de euforia são desequilíbrios bioquímicos que colaboram para que ocorram novas depressões no futuro.

  • Ciclotimia

É uma forma mais branda do transtorno bipolar, envolvendo oscilações de humor menos graves. Indivíduos com esse tipo de bipolaridade saltam entre hipomania e depressão leve. As pessoas com transtorno bipolar do tipo II ou ciclotimia podem ser diagnosticadas incorretamente como tendo apenas depressão.

 

A causa exata do transtorno bipolar ainda é desconhecida, mas as pesquisas demonstram que diversos fatores possam estar envolvidos nas oscilações de humor impulsionadas pela doença, como:

  • Pessoas com bipolaridade parecem mostrar diferenças físicas em seus cérebros;
  • Desequilíbrio entre os neurotransmissores tem se mostrado um importante fator;
  • Desajuste hormonal também está entre as possíveis causas;
  • Pessoas que tenham parentes com histórico de transtorno bipolar são mais aptas à doença;
  • Fatores externos, como estresse, abuso sexual e outras experiências traumática;
  • Tanto as mulheres quanto os homens possuem as mesmas chances de desenvolver a doença.

Para alguns pacientes os picos de depressão são os que ocasionam os maiores problemas. Para outros, a preocupação é maior durante os picos de mania. Pode acontecer, também, de sintomas de depressão e hipomania acontecerem ao mesmo tempo. Veja os principais sinais do transtorno bipolar:

Fase maníaca

  • Pouco controle do temperamento;
  • Redução da necessidade de sono;
  • Distrair-se facilmente;
  • Gastos excessivos;
  • Hiperatividade;
  • Aumento de energia;
  • Capacidade de discernimento diminuída;
  • Compulsão alimentar;
  • Beber demais e/ou uso excessivo de drogas;
  • Manter relações sexuais com muitos parceiros;
  • Pensamentos acelerados que se atropelam;
  • Grande envolvimento em atividades;
  • Grande agitação ou irritação;
  • Fala em excesso;
  • Auto-estima muito alta (ilusão sobre si mesmo ou habilidades).

A fase maníaca pode durar dias e até mesmo meses. Os sintomas acima são mais comuns em pessoas que tem o tipo 1 da doença. No tipo 2, os sinais são similares, mas menos intensos.

 Fase depressiva

  • Perda de peso e perda de apetite;
  • Comer excessivamente e ganho de peso;
  • Fadiga ou falta de energia;
  • Desânimo diário ou tristeza;
  • Dificuldade de se concentrar, de lembrar ou de tomar decisões;
  • Sentir-se inútil, sem esperança ou culpado;
  • Perda de interesse nas atividades que antes eram prazerosas;
  • Afastamento dos amigos ou das atividades que antes eram prazerosas;
  • Baixa autoestima;
  • Pensamentos sobre morte e suicídio;
  • Problemas para dormir ou excesso de sono.

As tentativas de suicídio são um risco em pessoas com o transtorno bipolar. Os pacientes podem abusar do álcool ou de outras substâncias e isso faz com que haja piora nos sintomas.

Existem casos em que as duas fases se sobrepõem, é o que chamamos de estado misto. Ou seja, os sintomas maníacos e depressivos podem ocorrer de forma rápida e concomitantes. Isso recebe o nome de estado misto. Episódios de mania e depressão podem resultar também em psicose, doença em que há perda de contato com a realidade.

Os períodos de depressão e mania voltam a ocorrer na maioria dos pacientes, mesmo sob tratamento. Os principais objetivos da terapia para transtorno bipolar são:

  • Evitar a alternância entre as fases;
  • Evitar a necessidade de hospitalização;
  • Ajudar o paciente a agir da melhor maneira possível entre os episódios;
  • Impedir comportamento autodestrutivo e suicídio;
  • Reduzir a gravidade e a frequência dos episódios.

 

O trabalho da psicoterapia com crianças e adolescentes deve ser realizado de forma multidisciplinar, junto com os pais e professores. A psicoterapia também pode ajudar a fortalecer os laços familiares e de comunicação entre os membros da família com a criança ou adolescente. Ela também pode ser necessária para resolver problemas de abuso de substâncias, como drogas e álcool, comum em adolescentes mais velhos com transtorno bipolar.

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