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Bruxismo como um termômetro psicológico

Bruxismo como um termômetro psicológico

Bruxismo como um termômetro psicológico

Muitas pessoas demoram a perceber que sofrem de bruxismo noturno, essa dificuldade ocorre por que não é possível observarmos a nós mesmos enquanto dormimos.

Geralmente, a consciência do problema aparece quando alguém, que compartilha o mesmo espaço de dormir e escuta o ranger dos dentes ou quando o dentista percebe o desgaste na dentição do paciente.

O Bruxismo é um hábito involuntário que faz com que a pessoa pressione com muita força a mandíbula. Esse mecanismo provoca o desgaste e dor nos dentes, na face e na mastigação, estalidos e deslocamento da mandíbula. Ainda que este não seja um transtorno perigoso, pode causar lesões dentárias permanentes se não for tratado.

Aprofundaremos sobre os aspectos psicológicos que podem levar ao desenvolvimento do Bruxismo. Para isso é preciso entender que a nossa boca e função mastigação tem duas atividades principais:

  • Sistema funcional: mastigação, fala, deglutição.
  • Sistema parafuncional: que inclui apertar e ranger os dentes.

 

Essas atividades parafuncionais podem ocorrer durante o dia e/ou durante a noite que consiste em apertar e ranger os dentes, assim como outros hábitos que a pessoa pode fazer sem perceber, por exemplo, morder a bochecha e a língua.

Boa parte das pessoas, em algum momento da sua vida, realizará alguma dessas atividades, mas é a recorrência dessa prática que caracterizará a patologia. Vale salientar que, qualquer indivíduo pode somatizar, visto que todos nós possuímos capacidade psicossomática.

Além da ação de beber e mastigar, é importante observar que a região da boca é responsável pela fala e os seres-humanos, são seres da fala.

Quando você se encontra em uma situação que não pode, por qualquer razão que seja, expressar e falar o que você pensa e sente, o corpo poderá somatizar a qualquer momento todas essas emoções e falas que ficaram reprimidas. Nosso corpo sempre encontrará uma forma de se expressar, seja por uma raiva guardada, tristeza e por aí vai.

Veja que certas emoções podem acelerar mais os batimentos cardíacos, provocar sudorese, assim como provocar tensão muscular.

De forma geral, o Bruxismo é considerado uma disfunção psicossomática multifatorial, em grande parte dos casos por fatores psicológicos. Nesse caso ele é uma expressão do estado mental da pessoa.

Veja as possibilidades psicológicas que podem propiciar o surgimento do problema:

- Estresse;

- Ansiedade;

- Tensão e pressão emocional;

- Agressividade/Raiva reprimida.

 

Nos últimos anos, os estudos que envolvem conjuntamente a Psicologia e a Odontologia, tem crescido, pois, a correlação do estado mental da pessoa com os impactos na dentição são grandes e, é indicado que seja feito tratamento psicológico especializado.

É inegável que fatores psicológicos, especificamente a expressão de emoções negativas, estão fortemente relacionados com essa patologia, requerendo atenção especial em seu tratamento.

Pesquisas apontam que os bruxômanos (assim são denominadas as pessoas com bruxismo) tem a tendência de dirigir a agressividade para si próprio (para dentro) e menos para fora e apresentam personalidade mais ansiosa e depressiva.

Além das questões psicológicas apontadas acima, também são considerados desencadeantes desses problemas: uso de substâncias como álcool, drogas, tabaco e café, distúrbios do sono (ronco e apinéia), fatores neurológicos (por exemplo, aumento da adrenalina) e o uso de determinados medicamentos.

MOLINA (1989) assegura que pacientes com bruxismo possuem comportamento agressivo, ansioso e tenso, provavelmente devido a emoções reprimidas em períodos iniciais da vida, esta pode ter relação à personalidade. A tendência é que concentre as tensões emocionais no próprio corpo, especificamente na região bucofacial.

Existem algumas formas de amenização e prevenção do surgimento ou da progressão do Bruxismo:
- Evite bebidas alcoólicas em excesso e cigarros;

- Evite drogas;

- Tente dormir em um ambiente tranquilo e com temperatura e iluminação agradáveis, sem telas (tablete, celular, computador ou TV).

- Diminua a ingestão de alimentos/bebidas estimulantes sobretudo à noite, como: cafeína, refrigerante, chocolate e chá-preto;

- Evite exercícios intensos (físicos e mentais) 3h antes de dormir.

 

Como você pode resolver o problema:

Para que o Bruxismo não se torne crônico, o ideal é diagnosticá-lo quanto antes, pois com o passar do tempo a tendência é que haja uma evolução do problema.

- Primeiro passo: RECONHECER o problema. Caso você esteja acordando com incômodo ou dor na face, cabeça ou mandíbula, confira a possibilidade de alguém lhe observar dormindo para verificar se você range ou aperta os dentes enquanto dorme.

- Segundo ponto: ACEITAR a possibilidade do diagnóstico.

- Terceiro passo: BUSCAR AJUDA de um dentista especializado em DTM (disfunção temporomandibular) e dor orofacial, que poderá diagnosticá-la (o) e indicará o melhor tratamento. Para quem tem bruxismo é necessário a utilização de protetor bucal (placas de acrílico) enquanto dorme, assim você evitará o desgaste dos dentes. Algumas pessoas, por um período também precisam utilizar a placa durante o dia. A proteção bucal é fabricada especificamente para a sua boca, de acordo com sua mordida e também terá a função de aliviar a pressão que o ranger e do apertamento dos dentes traz, evitando assim a progressão de dores faciais.

- Quarto passo: BUSCAR AJUDA PSICOLÓGICA caso haja questões emocionais envolvidas. A Terapia Cognitiva-Comportamental é uma grande aliada para esse tratamento.

- Quinto passo: PRATICAR ESPORTES para tentar diminuir o bruxismo e a tensão psicológica.

- Sexto passo: SE CONSULTAR COM UM PSIQUIATRA para avaliar a presença de alguma patologia mental presente, como, por exemplo, depressão e ansiedade em grau moderado ou grave, que seja necessário o tratamento medicamentoso.

 

Cuide-se.

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