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Quando o luto requer atenção

Quando o luto requer atenção

Quando o luto requer atenção

O luto é uma resposta emocional natural e inevitável que advém da experiência de lidar com a perda de alguém ou de algo significativo na vida de uma pessoa, como a perda de um trabalho ou da casa.

Essa dor é uma experiência única e é enfrentada de maneira diferente por cada pessoa. Cada um sabe da dor que sente e vai descobrir aos poucos o que o faz se sentir melhor.

O processo de readaptação à nova realidade varia e pode ser influenciado por fatores como personalidade do enlutado e suas experiências de vida e perdas anteriores, cultura, histórico familiar, crenças pessoais, as circunstâncias da perda, o momento em que recebeu a notícia, o quão próximo o enlutado era da pessoa que se foi e a existência ou não de uma rede de apoio social.

O luto vai além da tristeza e abrange uma vasta gama de emoções e reações, como tristeza, raiva, negação e aceitação (fases do luto), que podem alterar em intensidade e duração. Tais sentimentos podem se alternar, se sobrepor ou ocorrer em diferentes momentos e por esse motivo é difícil enquadrar uma pessoa em uma das fases do luto.

É muito comum que uma pessoa passe por todas as fases ao mesmo tempo, ou simplesmente não passe por nenhuma no início.

Se o luto é bem sucedido e finalizado, é possível seguir em frente, e isso não significa esquecer a pessoa, mas sim que a perda não vai mais ocupar um lugar de ênfase na vida dela.

Quando o enlutado não consegue passar por essa fase, ele entra no chamado luto complicado, trata-se da transformação natural do luto em doença, se transformando em algo mais difícil que o habitual. Isso pode ocorrer com quem perdeu entes de maneira abrupta, como em acidentes, tragédias e casos de suicídio e na morte precoce de um filho.

Há pessoas que diante da perda apresentam o luto inibido, não manifestando as reações mais frequentes, como tristeza e raiva. Voltam a trabalhar e lotam a agenda de compromissos e isso pode ser um problema, pois ocupar-se demais pode ser uma forma de fugir ocorrido. Dessa forma, o luto pode ser adiado, que é quando a pessoa só começa a se dar conta da perda depois de alguns dias e até mesmo meses após.

Os sentimentos de vazio e tristeza, anseio em viver, tentativa de adaptação às situações diárias, falar sobre a pessoa falecida com emoção fazem parte do luto.

 

É preciso estar atento caso haja alterações significativas no comportamento e pensamentos, assim como a intensificação e permanência de alguns sentimentos e comportamentos:

  • Persistência prolongada dos sintomas de luto: enquanto o luto é um processo normal que pode durar meses, o luto patológico é caracterizado pela persistência prolongada dos sintomas de luto, muitas vezes por mais de seis meses após a perda.
  • Intensidade extrema de emoções: sentimentos intensos de tristeza, desespero, culpa ou raiva que persistem e interferem nas atividades diárias.
  • Dificuldade em aceitar a perda: A pessoa pode ter dificuldade em aceitar a realidade do que ocorreu e pode se recusar a acreditar que a pessoa falecida se foi.
  • Isolamento social: evitar interações sociais e se isolar dos amigos e familiares.
  • Dificuldade em retomar a rotina: dificuldade em retomar as atividades cotidianas, como trabalho, hobbies ou cuidar de si.
  • Pensamentos obsessivos sobre a pessoa falecida: pensamentos constantes sobre a pessoa falecida que interferem no funcionamento diário.
  • Problemas de sono e alimentação: dificuldade em dormir ou comer adequadamente, o que pode levar a problemas de saúde física.
  • Comportamentos destrutivos: recorrer ao abuso de substâncias, como álcool ou drogas, como forma de lidar com a dor.
  • Pensamentos suicidas: pensamentos de morte ou desejo de se juntar à pessoa falecida, que podem indicar um risco aumentado de suicídio.

 

Ainda que o luto seja algo que faça parte do ciclo da vida de qualquer pessoa, não é algo simples de atravessar, e não é saudável negligenciar os próprios sentimentos. Caso as sensações estejam gerando bloqueio e impedindo a pessoa de prosseguir e continuar vivendo, é fundamental o apoio psicológico.

Se houver sinais de que o luto está gerando bloqueios e impedindo a pessoa de seguir em frente, recorrer à terapia pode ser uma opção para trabalhar formas de enfrentar a perda. A vida pode não ser mais como antes, mas é possível construir um novo modo de viver após o luto.

Se você ou alguém que conhece está apresentando esses sintomas após uma perda significativa, é crucial procurar apoio de um profissional de saúde mental para avaliação, acompanhamento e tratamento adequados.

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