O que fazer diante de alguém que está em luto
Apesar de termos a consciência de que em algum momento o fim da nossa existência chegará, e que esse fato é inevitável, é muito comum que não estejamos prontos para encarar determinadas perdas.
O luto é o processo pelo qual passamos para ajudar elaborar a aceitação das perdas ao longo da vida. É uma resposta esperada, essencial e natural quando nos deparamos com alguma perda significativa, como, por exemplo: a morte de algum familiar, desemprego, separação, perda de emprego, mudanças significativas de vida, etc.
É preciso se readaptar à nova realidade quando ocorre o rompimento de um vínculo importante. De forma geral, isso é sempre um grande desafio, visto que é um momento de fragilidade emocional, pois, além da dor, as perdas causam bastante reflexão.
Tem uma frase interessante da autora Ana Claudia Quintana Arantes, no livro A morte é um dia que vale a pena viver:
“A dor do luto é proporcional à intensidade do amor vivido na relação que foi rompida pela morte, mas também é por meio desse amor que conseguiremos nos reconstruir. ”
A reconstrução ocorre paulatinamente, dia após dia, cada pessoa em seu tempo e ritmo.
Todos nós já passamos por situações difíceis em função da vivência de uma perda, mas o luto para cada pessoa é subjetivo. Significa dizer que não existe um dia para elaborar por completo o luto e ficar bem, não existe um momento para terminar e nem um percurso específico para seguir. Mas, o fato é que certas perdas podem principiar em nós um processo de mudança interna sem escolha.
Algumas perdas podem ser muito delicadas e na tentativa de sermos solidários, pode ser muito fácil tomar alguma atitude que extrapole a capacidade do outro suportar naquele momento, podendo impactar o processo psíquico e emocional dessa pessoa.
Jamais devemos agir considerando que o que é bom para nós, seja também para a outra pessoa. Somente o outro pode dizer o que é bom para ela.
Algumas dicas podem ser válidas caso você esteja precisando acolher alguém na dor do luto.
O acolhimento é uma ação poderosa, mas para isso é preciso saber fazê-la, como, por exemplo, colocar-se disponível para a pessoa através das falas: “eu entendo sua tristeza”, “realmente é um momento difícil”, e “estou aqui para você”.
Outro ato grandioso é colocar-se disponível para escutar o que essa pessoa tem para dizer. Sempre ouça mais do que fale. Dedicar o tempo a alguém pode significar que ela é amada e isso a dispõe a compartilhar sua vivência de perda. Lembre-se que se o choro surge, essa é uma das formas que temos de colocar a dor para fora. Chorar faz parte do processo de ressignificação e de elaboração, e é ainda uma forma de expressar sentimentos muitas vezes difíceis de ser nomeados.
Na contramão, existem falas que invalidam os sentimentos da pessoa e que, mesmo sendo ditas com a melhor das intenções, não ajudam em nada. Alguns exemplos: “fulano/a não gostaria de te ver chorando”, “não chore”, “esquece isso, você precisa ocupar 100% seu tempo”, “seja forte”, “vai passar”, “ele/a foi para um lugar melhor”, “foi melhor assim”, “você tem outros filhos/as precisa pensar neles/as”, “era só um cachorro/gato”, “você é jovem, pode se casar novamente”, “você é jovem, pode engravidar de novo”.
Demonstrar curiosidade não é adequado, como perguntar sobre detalhes da morte, da perda do emprego, do fim do casamento, da doença, do acidente, por aí vai. O ideal é abrir espaço e aguardar caso a pessoa manifeste vontade de se abrir.
Outro ponto importante, é que o luto pode consumir muito da energia das pessoas que sofrem. Assim, oferecer ajudas práticas podem fazer bem à pessoa, como: solucionar algum problema que esteja ao seu alcance.
E lembre-se, se você não sabe como manejar alguma situação, você pode somente pôr-se ao lado de quem está sofrendo. Ao contrário do que se pensa, o silêncio não é constrangedor e pode ser mais apropriado para transmitir a sua presença, preocupação, cuidado, carinho e respeito pela pessoa.
Caso perceba que um amigo, familiar ou até mesmo você esteja precisando de suporte emocional para lidar com alguma perda significativa, a terapia é uma ferramenta eficaz para aliviar a vivência do luto.