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Ansiedade materna

Ansiedade materna

Ansiedade materna

A chegada do primeiro filho é um dos momentos mais esperados, e é um período de muitas transformações na vida, na família, na casa, na rotina e em tudo que está a volta de quem materna. Nesta fase da vida é comum surgir situações de medos e inseguranças que deixam as mães ansiosas, angustiadas e até mesmo deprimidas.

Vale explicar que, a ansiedade é um sentimento comum a todos nós, é uma resposta natural do corpo a situações de perigo, estresse ou desafio. É uma reação adaptativa que nos prepara para lidar com ameaças percebidas. No entanto, em alguns casos, ela pode se tornar desproporcional, crônica e afetar negativamente a qualidade de vida.

A ansiedade materna pode se aparecer de diferentes formas, incluindo preocupação excessiva com o bebê, auto crítica se está sendo uma boa mãe, medo de que algo ruim aconteça com o filho, dificuldade em relaxar, irritabilidade, alterações no sono e apetite, entre outros sintomas.

Quando esses medos e preocupações se tornam muito intensos e frequentes pode ser um sinal de que a ansiedade esteja muito elevada. A preocupação é normal até certo ponto, o seu excesso não apenas afeta a saúde mental, como também atrapalha os seus relacionamentos, desenvolvimento profissional e cuidados com o filho (a). Vale ressaltar que é comum que as mães de primeira viagem não têm confiança em suas habilidades e julgamento como mãe, isso pode levar um tempo para acontecer.

Para exemplificar, abaixo estão descritos alguns medos comuns que podem surgir em decorrência desta fase:

  • Medo de não ser uma boa mãe: não existe um manual de como ser uma mãe perfeita, a maternidade é instintiva. Para algumas mulheres, ser uma boa mãe significa ser super protetora, enquanto para outras isso tem a ver com estimular a independência da criança. Independentemente da forma de maternar, erros e acertos fazem parte dessa jornada. Pode ser que em determinados momentos a tristeza desponte e pressione as próprias atitudes, isso tem a ver o fato de sermos humanos. É importe sempre lembrar que errar é premissa para se tornar melhor em qualquer coisa.
  • Medo de não saber lidar com o desconhecido: nos primeiros meses e anos de vida o bebê não sabe verbalizar o que está sentindo e a mãe precisa ir aprendendo, mesmo com a ausência da linguagem verbal, o significado de cada choro. De pouco em pouco aprenderá a conviver com as angústias e incertezas que são características desse momento. É comum e faz parte se recear pelo bem-estar do filho, desde que essa não seja uma preocupação intensa e desproporcional à realidade.
  • Medo de não se adaptar à nova realidade: É natural que uma pessoa possa gostar mais ou menos de alguns estágios da maternidade, e isso inclui a fase da gestação. Os sentimentos de insegurança e medo podem levar muitas mães a não gostarem da ideia de serem mães, e isso também é ser humano. A maternidade é dividida em ciclos (primeiros trimestres, 1 ano, idades escolares, etc) e tanto as fases agradáveis quanto as desagradáveis não duram para sempre por mais difícil que possa parecer.
  • Medo de perder a própria personalidade: uma série de mudanças ocorrem com a modificação do status de ser somente filha para o de mãe. O julgamento de questões que considerava importante podem não valer mais, assim como as prioridades são repensadas. Ainda que a maternidade possa trazer a mudança mais radical na vida de uma pessoa, não significa que a personalidade esteja sendo modificada. Talvez haverá uma transformação de prioridades e responsabilidades em relação ao período que não se era responsável por outro ser humano.

 

Os sintomas da ansiedade elevada podem aparecer nas primeiras três semanas após o parto ou muitos meses depois.

Alguns fatores podem aumentar o risco de ansiedade materna, como o histórico pessoal ou familiar de ansiedade, eventos estressantes durante a gravidez ou no pós-parto, falta de suporte social (rede de apoio), mudanças hormonais, problemas de relacionamento ou dificuldades financeiras. Ela também pode vir de fatores ambientais, como demissão, crise financeira, problemas no relacionamento afetivo, brigas entre familiares entre outros acontecimentos que podem afetar o cuidado com o bebê.

Palpites de parentes, mães experientes, médicos e outras pessoas próximas podem ajudar a intensificar a ansiedade da mãe no lugar de servir como consolo ou orientação, pois pode ocorrer uma sobrecarga com a quantidade de informações distintas ou conflitar com alguns valores e princípios dessa mãe.

Veja como o sentimento da ansiedade elevada costuma se manifestar em termos de comportamentos e pensamentos.

  • Preocupação excessiva e incontrolável;
  • Estado de hipervigilância;
  • Medo irracional;
  • Pensamento acelerado;
  • Ver perigo em tudo;
  • Dificuldade de desligar a mente;
  • Insônia;
  • Irritabilidade;
  • Crise de choro;
  • Dificuldade de concentração;
  • Checar o bebê diversas vezes, mesmo quando nada está acontecendo;
  • Dificuldade de estabelecer vínculo com o filho (a);
  • Buscar validação frequente de familiares e amigos;
  • Dificuldade para aceitar a opinião alheia.
  • Dificuldade de executar tarefas do dia a dia;
  • Mudança nos hábitos alimentares;
  • Desconfortos intestinais;
  • Tomar decisões precipitadas;
  • Tensão muscular.

 

Alguns pensamentos podem surgir de forma mais intensa e repetitiva. Confira:

  • E se o meu filho estiver doente?
  • Ou se afogar na banheira durante o banho?
  • Se alguém o machucar?
  • Tenho que fazer o melhor sempre para meu filho(a).
  • Não posso falhar e/ou decepcioná-lo.
  • Eu não tenho sido uma boa mãe.
  • Eu deveria ter percebido essa situação antes.

 

Nem sempre os pensamentos refletem a realidade. Pensamentos nem sempre são fatos. Quando não estão pautados na realidade o chamamos de pensamentos disfuncionais, que são ideias que aparecem de forma automática, ou seja, sem qualquer tipo de reflexão e conclusão lógica.

 

Algumas perguntas podem ser feitas para você analisar e identificar as características da sua ansiedade.

  • Há quanto tempo eu tenho sentido essa ansiedade intensa?
  • A ansiedade atrapalha na minha vida?
  • Quais são as consequências negativas da ansiedade no meu cotidiano?
  • Outras pessoas falam que eu sou ansiosa?
  • A ansiedade está comprometendo os meus relacionamentos de modo negativo?
  • A ansiedade está comprometendo como cuido do meu filho(a)?

 

O medo de ser julgada, mal interpretada ou criticada pode atrapalhar a busca por ajuda e esta é uma das principais razões pelas quais as mães não procuram ajuda profissional. Algumas pessoas se sentem envergonhadas de admitir que estão lutando com a ansiedade e com determinados pensamentos, pois temem ser vistas como fracas, ingênuas ou incapazes.

A sensação de que ninguém mais está passando por esse problema também pode acarretar em comportamento de isolamento, trazendo uma enorme solidão. Isso tudo poderá levar a pessoa para um segundo problema, a depressão.

Pedir ajuda é a primeira e mais importante solução, não há nada de errado em pedir ajuda e isso não fará de você uma mãe ruim. Falar com familiares, amigos, trocar experiências ou com um profissional de saúde mental pode ajudar a aliviar a ansiedade.

Participar de grupos de apoio para mães pode ajudar. Com essa troca é possível observar que outras pessoas passam por experiências semelhantes e, em regra, oferecem um ambiente seguro e acolhedor para discutir questões relacionadas à maternidade.

 

 

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