Autoconhecimento e nossos pensamentos
Conforme o modelo cognitivo, a forma pela qual estruturamos o mundo é responsável pelos afetos e comportamentos. Tal forma refere-se a percepção que as pessoas têm dos acontecimentos, ou seja, da interpretação que cada um faz das situações e não do fato. É a interpretação que determina o que as pessoas sentem e a maneira pela qual se comportam. Assim, o modo como respondemos emocional e comportamentalmente a uma situação decorre da percepção da mesma.
Por exemplo, quando avaliamos uma situação como vergonhosa ou ameaçadora tendemos a nos sentir humilhados, deprimidos ou ansiosos. O corpo responde em correspondência com a situação. Isso pode nos levar a chorar, a evitar pessoas, ou a deixar de fazer algo. O modo como pensamos sobre uma situação pode, literalmente, tornar mais fácil ou então impossível lidar com ela. Cabe ressaltar que todos nós distorcemos a realidade vez por outra, sendo que tais distorções podem ser corrigidas. Há pessoas com mais distorções que outras.
Uma pessoa com transtorno de ansiedade em geral, por exemplo, tem a tendência de ver o mundo como um lugar inseguro e perigoso. Assim ela enxergará, pensará, sentirá e se comportará de acordo com essa dinâmica.
Os pensamentos percorrem na mente com muita velocidade e nem sempre os percebemos. Por isso, no modelo cógnito-comportamental chamamos esses pensamentos de “automáticos”. Todos nós possuímos pensamentos automáticos, que parecem saltar dentro de nossas cabeças. Na maior parte do tempo, estes pensamentos são extremamente rápidos e desta forma, geralmente, não estamos conscientes dos mesmos, e sim da emoção (raiva, tristeza, alegria, medo, nojo, surpresa, desprezo, ansiedade, etc.) que eles provocam.
Os pensamentos automáticos fazem parte de um padrão habitual de pensamentos de cada indivíduo, por isso temos dificuldade de percebê-los. São geralmente vistos como representações da realidade, por conseguinte, tendemos a acreditar nos mesmos sem questionar sua legitimidade e fundamentação.
O exercício de auto observação diária na terapia cognitiva-comportamental, considera os pensamentos, as emoções que eles provocam e como a pessoa se sente. Assim, o cliente tem a oportunidade de quebrar os padrões dos pensamentos automáticos que estão disfuncionais.
Por exemplo:
Um dia chuvoso é um dia chuvoso (fato). Mas, uma pessoa pode se sentir triste neste dia, pois interpreta o mesmo como feio, sem graça, escuro, deprimente, vê a chuva como um empecilho para suas atividades, etc. Já o outro indivíduo pode sentir-se muito bem diante de um dia chuvoso, pois vê este como uma oportunidade para estudar e produzir profissionalmente ou ver filmes e tomar um chocolate quente.
Assim, o que dirige as reações emocionais não são os atos de uma pessoa (situação) ou os acontecimentos externos (situação) e sim, os pensamentos (como explicado anteriormente).
Da mesma forma que desenvolvemos hábitos comportamentais, desenvolvemos hábitos de pensamento. Tais hábitos podem ser modificados. Logo, se desejamos mudar a forma de pensar, devemos prestar atenção aos pensamentos, em primeiro lugar.
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